A melancolia que habita em mim.
a necessidade de tristeza mesmo quando estamos querendo afastá-la.
É tão difícil explicar coisas que às vezes não tem explicação… como o vazio de uma pessoa melancólica.
Eu volto para o início toda vez que tento acabar com esse sentimento. É um ciclo eterno e vicioso que consome meu ser com pensamentos dramáticos. Assim, eu me prejudico com medo de sair da minha zona de segurança: a tristeza. Ela afasta o meu lado esperançoso, abomina meus desejos. Mas não consigo me imaginar sem ela, não consigo ficar longe de toda essa melancolia.
Como eu seria sem ela…?
Ser melancólico faz com que você se sinta um vagante de uma terra em que não pertence. Te faz ver o mundo com mais intensidade, sentir o peso das reflexões profundas até que a sensação de saudade ou perda venha à tona para te agarrar e arrastar para baixo cada vez mais.
É difícil explicar. Por dentro você está vivendo a beira de um declínio que ninguém nota — até porque você ainda está aqui, usando o pouco de sanidade que restou. As perguntas que ninguém responde ecoam por dentro do meu corpo vazio. É como morar em uma grande espiral ou como um labirinto infinito. Alaska Young nos disse a respeito desse sentimento em Quem é você, Alaska?:
[...]
“Como sairei desse labirinto? Esse é o mistério, não é? O labirinto é a vida ou a morte? E do que ele está tentando fugir? Do mundo ou do fim do mundo?”
[...]
Tantas perguntas… será que estarei me deixando ir embora se eu também abandonar a minha tristeza? Ela me puxa para um lugar distante, vazio e silencioso, ela me deixa sozinha, sem amparo algum. Nunca trará as respostas que estou buscando.
Melancolia não é algo que se pode romantizar. Ela nos machuca. Corta bem fundo e lento. Não podemos deixar de lado a nossa essência e abraçar essa tristeza completamente!
É importante se cuidar. E mais ainda tentar. Ainda estou tentando encontrar a resposta para a minha saída do labirinto. Quem sabe algum dia posso encontrar a solução… Sinto que podemos sim achar uma beleza na melancolia mas também devemos saber que se afundar nela não é nem um pouco saudável.
Às vezes, melancolia sem causa escurecia-me o rosto, uma saudade morna e incompreensível de épocas nunca vividas me habitava. - Clarice Lispector.